Relembrando a minha história com o
Rodrigo e o triste fim da nossa tão desejada cama de casal, que um dia (há
quanto tempo?) enfeitei com tanto gosto, com delicadas almofadas em forma de
coração, e que, vinte anos depois, se transformou na mais completa ruína,
vem-me à mente outra cama, também de casal, mas da qual tratei de fugir como –
dizem por aí – o diabo foge da cruz.
Foi Celso quem a providenciou.
Uma das vezes em que ele foi me buscar na faculdade, quando chegamos ao seu
cafofo, Celso, fazendo mistérios, tapou meus olhos e levou-me ao quarto,
para me mostrar “a surpresa”. Não era propriamente uma “cama”, mas um colchão
de casal, muito largo e alto. De molas. Beijando minha boca, ele empurrou-me
suavemente sobre aquele colchão, onde não faltavam travesseiros e lençois macios,
ao mesmo tempo em que perguntava se eu havia gostado da nossa cama de casal.
É que até então as nossas transas
rolavam numa apertada cama de solteiro, encostada na parede. Às vezes também no
colchão da cama, que o Celso colocava no chão, para ganhar mais espaço.
Ele parecia orgulhoso do seu feito.
Está bem, confesso. Estreei aquela
“cama” com certo furor e grande prazer de ver o prazer do Celso com aquele
colchão enorme, que ocupava quase todo o chão do quarto. E tão macio, tão...
Porém, ao ir embora, enquanto me
calçava, olhei mais uma vez aquela “cama de casal”, desta vez sem nenhum
entusiasmo.
Dei um tempo, como dizem. Sumi vários e vários dias. E, quando finalmente retornei ao apê do Celso, o encontrei ocupado demais, e surdo demais, para que pudesse me abrir a porta.
Dei um tempo, como dizem. Sumi vários e vários dias. E, quando finalmente retornei ao apê do Celso, o encontrei ocupado demais, e surdo demais, para que pudesse me abrir a porta.
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